sexta-feira, 5 de outubro de 2018

OS BONDES DA ANTIGA PIRACICABA

Em 1877 a Companhia Estrada de Ferro Ituana construiu em Piracicaba uma estação no centro da cidade. Não havia necessidade de transporte urbano em Piracicaba, até que a  Escola Agrícola (ESALQ) estabeleceu-se ao nordeste da cidade em 1901. Entre essa data e 1914, havia pelo menos nove propostas de linhas de transporte urbano movido seja a vapor, a tração animal, ou a eletricidade. Um dos planos previa 35 km de “linha de bondes elétricos ou a vapor” entre Piracicaba e a vizinha cidade de Rio Claro. Todos estes projetos foram rejeitados pelo governo municipal de Piracicaba.

O bonde elétrico que a Empresa Electricidade de Piracicaba (EEP) propôs em 1913 foi ignorado até que essa Empresa formasse um Acordo com a The Southern Brazil Electric Company Limited, fundada nesse mesmo ano em Londres. EEP renovou sua oferta em 1914, sendo o Acordo aprovado em 30 de Setembro de 1915. A construção começou em outubro e quatro bondes abertos foram adquiridos de Empresa de Campinas, em dezembro. 


O trajeto para a Escola de Agricultura, durou 5 anos, era feito pela linha do bonde E.E.P.
Em 06 de dezembro de 1921 foi inaugurada uma nova linha para a “Vila Rezende”, atravessando o Rio Piracicaba. Em 30 de Julho 1922, uma terceira linha que, pela Rua Boa Morte, seguia até a “Estação Paulista” – a nova estação da Estrada de Ferro Paulista, que inaugurou sua bitola de 1600 mm linha para Piracicaba nesse mesmo ano. A E.E.P. também mudou sua garagem na Rua Morais Barros para a Av. Prof. Dr. Paulo de Morais, a poucos quarteirões a leste da estação. Havia um plano para estender as faixas norte e leste para a Cidade Alta, mas o projeto nunca foi realizado.

Os trajetos dos bondes em Piracicaba eram primários e não foram expandidos para servir a cidade que estava em ritmo de crescimento. Enquanto o trajeto que servia a Vila Rezende tinha um desvio que utilizava duas linhas, os dois trajetos tinham somente uma pista, permitindo o uso de um único carro por vez. Irritados com a indiferença dos americanos, os alunos da Escola de Agricultura incendiaram um dos bondes em 1932.

Em 1933, os novos proprietários transportaram os carros de Piracicaba para Campinas para reformá-los. A Companhia Campineira removeu seus clerestórios, as plataformas em cada extremidade foram fechadas e a disposição dos assentos foi alterada. Os próprios veículos foram melhorados, porém como o serviço de bondes ainda era pouco frequente, os ônibus passaram a proporcionar melhor transporte. Os bondes continuaram a trafegar pelas linhas, sendo que, de acordo com o levantamento de 1945 feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o sistema contava com 27 funcionários, cinco carros motorizados de passageiros, um reboque de passageiros e 8 km de trilhos em Piracicaba. Em 1950 o sistema foi transferido para a Prefeitura.

Os bondes elétricos foram utilizados em Piracicaba durante 53 anos. O bonde 4, exposto no Campus “Luiz de Queiroz” desde 1969, e recentemente renumerados 2, completou 100 anos de idade em 2012. A Estrada de Ferro Sorocabana encerrou seu serviço de passageiros em 1976, a Estrada de Ferro Paulista em 1977. 


















Fonte de Pesquisa: A Província

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