Um convite ao mergulho no universo das brincadeiras infantis tão bem exploradas nos poemas de Manoel de Barros. Essa é a proposta do projeto Brincadeira de Poeta do Sesc Piracicaba que traz à cidade, juntamente da Roma Produções, o espetáculo infantil ‘A Turma’ e um material didático destinado aos alunos de escolas municipais e estaduais.
Para o espetáculo, Marcio Abegão, Rodrigo Polla e Romualdo Sarcedo encenam os três amigos Manoel, Bernardo e Sebastião brincando no quintal com as diversas "inutilidades" e convidam as crianças a serem poetas, quando são distribuídos os livros com páginas disponíveis para serem ocupadas por poesias.
Brincadeira de poeta foi encenado pela primeira vez na programação especial de férias do Sesc Piracicaba e agora segue com apresentações agendadas em escolas da cidade. Na Escola Estadual Francisca Elisa da Silva, no Jardim Monumento, cerca de 500 crianças entre 7 e 11 anos assistiram à peça e receberam o material para ser trabalhado em sala de aula pelos professores de português. “Temos o Sarau Literário que envolve poesia, música e literatura e o projeto Brincadeira de Poeta veio incrementar nossas ações com os alunos”, conta a coordenadora do Ensino Fundamental, Magali Orlandini da Silva. “Acompanhei a montagem do cenário e parabenizo o Projeto que traz, além da literatura, o universo do teatro aos nossos alunos”, agradece a diretora Neise Dalla Villa Bacchin.
A Escola Estadual José Romão, que fica na Vila Rezende, também é uma das escolas que já receberam o espetáculo e o material do projeto. “Como o livro A Turma convida a dar continuidade à poesia de Manoel de Barros, os professores e equipe gestora planejaram uma junção e complementação entre projetos. Ao todo, sete classes apresentarão as ideias da finalização do livro e o trabalho será exposto no final de outubro”, conta a coordenadora dos Anos Iniciais, Eliana Maria Bagatin Polezi. Ao todo, 205 alunos, do 2º ao 5º ano, assistiram ao espetáculo.
As próximas escolas que receberão as apresentações Brincadeira de Poeta - A turma são: a E.E Morais Barros no dia16 de setembro para cerca de 300 alunos no período da manhã; a E. E. Alcides Zagatto, no Jardim Esplanada no dia 23/9 no período da manhã e tarde para cerca de 300 crianças; e na E. E. Mario Dedini, no Algodoal, em 30/9, com apresentações acontecerão no período da manhã e da tarde para cerca de 250 crianças.
Sobre Manoel de Barros - Nasceu na cidade de Cuiabá em 1916. Aos 21 anos lançou seu primeiro livro chamado “Poemas concebidos sem pecado”, em tiragem feita à mão de apenas 21 exemplares. Sua poesia foi comparada a um “doce de coco” por Guimarães Rosa e a um “apogeu no chão” por Millôr Fernandes. Morou na Bolívia, no Peru e nos Estados Unidos. Voltou para a fazenda da família, em Campo Grande, no Mato Grosso, onde viveu escrevendo seus poemas até outubro de 2014, quando faleceu aos 97 anos de idade.
Poema "A Turma"
A gente foi criado no ermo igual ser pedra.
Nossa voz tinha nível de fonte.
A gente passeava nas origens.
Bernardo conversava pedrinhas com as rãs de tarde.
Sebastião fez um martelo de pregar água na parede.
A gente não sabia botar comportamento
nas palavras.
Para nós obedecer a desordem das falas
infantis gerava mais poesia do que obedecer as regras gramaticais.
Bernardo fez um ferro de engomar gelo.
Eu gostava das águas indormidas.
A gente queria encontrar a raiz das palavras.
Vimos um afeto de aves no olhar de Bernardo.
Logo vimos um sapo com olhar de árvore!
Ele queria mudar a Natureza?
Vimos depois um lagarto de olhos garços
beijar as pernas da Manhã!
Ele queria mudar a Natureza?
Mas o que nós queríamos é que a nossa
palavra poemasse.
Sobre Manoel de Barros - Nasceu na cidade de Cuiabá em 1916. Aos 21 anos lançou seu primeiro livro chamado “Poemas concebidos sem pecado”, em tiragem feita à mão de apenas 21 exemplares. Sua poesia foi comparada a um “doce de coco” por Guimarães Rosa e a um “apogeu no chão” por Millôr Fernandes. Morou na Bolívia, no Peru e nos Estados Unidos. Voltou para a fazenda da família, em Campo Grande, no Mato Grosso, onde viveu escrevendo seus poemas até outubro de 2014, quando faleceu aos 97 anos de idade.
Poema "A Turma"
A gente foi criado no ermo igual ser pedra.
Nossa voz tinha nível de fonte.
A gente passeava nas origens.
Bernardo conversava pedrinhas com as rãs de tarde.
Sebastião fez um martelo de pregar água na parede.
A gente não sabia botar comportamento
nas palavras.
Para nós obedecer a desordem das falas
infantis gerava mais poesia do que obedecer as regras gramaticais.
Bernardo fez um ferro de engomar gelo.
Eu gostava das águas indormidas.
A gente queria encontrar a raiz das palavras.
Vimos um afeto de aves no olhar de Bernardo.
Logo vimos um sapo com olhar de árvore!
Ele queria mudar a Natureza?
Vimos depois um lagarto de olhos garços
beijar as pernas da Manhã!
Ele queria mudar a Natureza?
Mas o que nós queríamos é que a nossa
palavra poemasse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário