Encontro marca atuação efetiva do Secovi-SP em Piracicaba
Angelo Frias Neto, Cláudio Bernardes, Lauro Pinotti e Flávio Amary |
Para Angelo Frias Neto, que também é presidente da Acipi (Associação Comercial e Industrial de Piracicaba) e diretor presidente da Frias Neto Consultoria de Imóveis, a intensificação da participação do Secovi-SP na cidade neste momento é oportuna e deve contribuir para o desenvolvimento do novo Plano Diretor, que está em fase de revisão.
Durante o encontro, que contou com a participação de autoridades, o diretor do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba), Lauro Pinotti, ressaltou a importância da contribuição do Secovi-SP na elaboração do novo Plano Diretor. “Investimentos dependem do desenvolvimento imobiliário e os que vão investir devem pensar na cidade para que o ônus do crescimento possa ser suportado por todos e para que a gente possa ter um local melhor para se viver”.
Amary lembrou que o Secovi quer ter uma participação maior em Piracicaba, que hoje ocupa um espaço muito importante no cenário econômico do interior do Estado de São Paulo. “No momento em que a cidade faz a revisão de seu Plano Diretor, trazemos alguns modelos para que a gente possa compartilhar e ter esses insights, porque não tem solução pronta para as cidades; cada cidade encontra o seu caminho, encontra sua solução, com a participação de todos, não só do poder público, não só das associações e entidades, mas de toda a sociedade civil organizada, representantes de todos os setores e também do setor imobiliário”, declarou, informando que hoje o Secovi-SP tem representações de 100 mil entre empresas e condomínios do Estado.
Bernardes enfatizou a importância de Piracicaba ter antecipado a revisão de seu Plano Diretor. “Se São Paulo, 50 anos atrás tivesse se apercebido de algumas questões e tomado algumas providências de planejamento, talvez hoje a cidade fosse diferente”. Ele destacou a importância da indústria imobiliária neste planejamento, uma vez que a considera a construtora das cidades. “Ela constrói a cidade de acordo com as regras de planejamento que todos nós da sociedade vamos impor”.
Lembrou que, para falar sobre planejamento, é preciso entender um pouco como as cidades vão se desenvolver nas próximas décadas e como poderão ser adaptadas para atender à demanda de mercado e garantir qualidade de vida aos moradores, ressaltando que o grande desafio será a mobilidade. Entre as alternativas, apontou uma rede de transporte de massa mais eficiente e a adoção de um desenho de cidade que proporcione uma otimização de deslocamentos. “Talvez a maneira mais eficiente seja ter um modelo de cidade em que as pessoas se desloquem menos”.
Falou da importância do adensamento urbano e que não existe fórmula exata. “Adensar ou expandir a mancha urbana? Às vezes um, às vezes outro, às vezes os dois. Cada cidade tem uma solução diferente. Tem que considerar projeção de crescimento, espaço disponível, características topográficas ambientais da cidade e a capacidade que o município tem de investir”, afirmou, deixando claro que tudo tem que ser feito desde que haja infraestrutura – transporte, comunicação, água, esgoto, eletricidade e sistemas sociais, como escola, centro cultural, parques e postos de saúde.
Do ponto de vista de mobilidade, citou algumas soluções de médio prazo: adensamento ao longo dos eixos de transporte e a criação de polos de desenvolvimento autossustentáveis, orientada pelo transporte - inserindo no entorno de uma estação toda a atividade concentrada (serviços, comércio, entre outros).
Para o urbanista Carlos Leite, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Piracicaba está tendo a oportunidade de fazer a revisão do Plano Diretor em um momento muito bom. “Nós temos hoje um metabolismo muito complexo de cidade do século 21 que não bate, não se encontra com o desenho, com o planejamento de cidade, com o modelo do século 20, que é ultrapassado. O momento que vocês estão vivendo em Piracicaba é importantíssimo. É uma antecipação muito bem-vinda de revisão do Plano Diretor, que aconteceria quando ele faz dez anos de vida”, disse, acrescentando que tanto na academia, como no mercado, como no setor público existe hoje uma conceituação geral de que neste momento no mundo é preciso mudar um modelo que ficou consagrado no século 20 para construir um momento mais interessante, mais inteligente, mais sustentável de cidades. “O bom urbanismo contemporâneo interessante e mais qualificado agrega valor para a cidade como coisa pública, agrega valor a todos os que estão ligados ao mercado, à produção imobiliária”, declarou. Em sua palestra, citou exemplos de modelos que estão dando certo em vários locais do mundo, tanto a partir de políticas públicas como de produção imobiliária do mercado, ou envolvendo variados tipos de PPP (Parceria Público-Privada). Lembrou que a cidade do futuro terá que ter urbanidade, mobilidade e multifuncionalidade. “O mundo inteiro está buscando cidades mais compactas, onde os deslocamentos são menores e a qualidade de vida é maior. Portanto, podemos começar a pensar em núcleos compactos, multifuncionais, conectados em uma boa rede de mobilidade, incluindo ciclovias, áreas para pedestres, VLTs, transportes públicos eficientes, e também o carro. É preciso morar, ter serviços, pequenos comércios, lazer, convivência, urbanidade, um pouco mais de densidade, novas centralidades”.
Destacou também a necessidade de reinventar os vazios urbanos e preservar ícones da cidade, lembrando que melhorias lineares, como a realizada na Rua do Porto, agregam muito valor e urbanidade. Deixou um recado aos que estão envolvidos na elaboração do Plano Diretor: “o Plano Diretor é importantíssimo, mas é também fundamental que tenhamos um plano estratégico, para além do atual mandato. Vocês estão pensando uma cidade para daqui a 25 anos? O mercado está construindo modalidades interessantes que tenham novas centralidades para daqui a 50 anos? A sociedade está pensando?”
Toda Mídia Comunicação
Nenhum comentário:
Postar um comentário