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quinta-feira, 9 de julho de 2015

FERIADO DE 9 DE JULHO

No dia 9 de julho, São Paulo comemora a Revolução Constitucionalista de 1932. A data, transformada em feriado civil em 1997, marcou o início de um dos principais episódios da história do estado. Sua importância está evidente em toda a cidade: duas avenidas carregam nomes que remetem à revolta (9 de julho e 23 de maio) e monumentos como o Obelisco do Ibirapuera prestam homenagens ao mártires da chamada “Guerra Paulista".


A Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente (governador) do estado de São Paulo, Júlio Prestes, na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís colocando fim à República Velha, invalidando a Constituição de 1891 e instaurando o Governo Provisório, chefiado pelo candidato derrotado das eleições de 1930, Getúlio Vargas, instalando no Brasil uma ditadura.

Nomeou interventores em todos os estados, com exceção de Minas Gerais, reforçando o conflito com São Paulo; dissolveu o Congresso Nacional, os Congressos Estaduais (Câmaras e Senados Estaduais) e as Câmaras Municipais.

No estado de São Paulo era grande a insatisfação com o governo provisório de Vargas. Os paulistas esperavam a convocação de eleições para presidente, mas dois anos se passaram e o governo provisório se mantinha. Os fazendeiros paulistas, que tinham perdido o poder após a revolução de 1930, eram os mais insatisfeitos e encabeçaram uma forte oposição ao governo. Houve também grande participação de estudantes universitários, comerciários e profissionais liberais.
Os paulistas criticavam a forma autoritária com que Vargas vinha conduzindo a política do país. Queriam mais democracia e maior participação na vida política do Brasil.
Além de medidas de centralização política, outras se seguiram visando ao controle econômico pelo governo central: os estados foram proibidos de contratar empréstimos externos sem autorização do governo federal; o monopólio de compra e venda de moeda estrangeira pelo Banco do Brasil, para controlar o comércio exterior. O governo impõe, ainda, medidas para controlar os sindicatos e as relações trabalhistas e cria instituições para intervir no setor agrícola como forma de enfraquecer os estados.
Júlio Prestes, o presidente Washington Luís e vários outros apoiadores de Prestes foram exilados na Europa, e os jornais que apoiavam Prestes foram destruídos, entre eles, os jornais paulistanos Folha de S. Paulo, "A Plateia" e o Correio Paulistano e os jornais cariocas A Noite e O Paiz
A primeira grande manifestação dos paulistas foi um mega comício na Praça da Sé, no dia do aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro de 1932, com um público estimado em
200 000 pessoas, e, na época, chamados de "comícios-monstro". Em maio de 1932, ocorreram vários comícios constitucionalistas. 


Em maio de 1932 começaram uma série de manifestações de rua contrárias ao governo. Numa destas manifestações, houve forte reação policial, ocasionando
a morte de quatro estudantes:
Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.
As iniciais dos nomes destes estudantes (MMDC) transformou-se no símbolo da revolução.








Alistaram-se 200.000 voluntários, sendo que se estima que, destes, 60.000 combateram nas fileiras do exército constitucionalista.


Cartaz convocando os paulistas às armas

Em 9 de julho de 1932 teve início a Revolução Constitucionalista, que foi uma verdadeira guerra civil. Os paulistas fizeram uma grande campanha, usando jornais e rádios, conseguindo mobilizar grande parte da população. Os combates ocorreram, principalmente, no estado de São Paulo, região sul do Mato Grosso e região sul de Minas Gerais.
Contando apenas com o apoio do sul do Mato Grosso, São Paulo enfrentou o poder militar do das forças armadas federais. O resultado foi a rendição e derrota paulista em 28 de setembro de 1932. Cerca de três mil brasileiros morreram em combate e mais de cinco mil ficaram feridos durante a revolução.


Veículo blindado desenvolvido com a ajuda da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Veículo construído em chassi caminhão Chevrolet com torre giratória para metralhadora.


Piracicaba, como os demais municípios do Estado de São Paulo, obedeceu ao chamado às armas por um novo governo e uma nova Constituição para o Brasil em 9 de Julho de 1932 e em 16 de Julho de 1932 parte para luta na defesa da legalidade o 1º Batalhão de Voluntários Piracicabanos.
Em Piracicaba, a reação é imediata. No Hotel Rex, em São Paulo, Fernando Febeliano da Costa e Otávio Teixeira Mendes tinham-se reunido para preparar Piracicaba para a revolta. O quartel de Pirassununga rebelou-se antes. No dia 10, Samuel de Castro Neves, Fernando Febeliano da Costa, Luiz Alves Filho organizam o Clube Político para abrigar os revolucionários. No dia 12 de julho de 1932, é instalado o Quartel General dos revolucionários no Grupo Escolar Moraes Barros.
Homens e mulheres começam a se alistar.
A figura da professora Branca de Azevedo emerge com força. Dos altos do Teatro Santo Estevão, convoca a juventude piracicabana para a luta pela constitucionalização do Brasil. Ela cria o comitê feminino MMDC do qual é presidente, e tem como companheiras as professoras Olívia Bianco e Eugênia da Silva, fazendo seu QG, com a Cruz Vermelha, no Teatro Santo Estevão. Doze mulheres piracicabanas partem para o front, fazendo parte do Corpo de Saúde sob a direção do Dr.Nelson Meirelles.
O corpo médico é formado por Nélson Meirelles, Caio Leitão, Luiz Gonzaga de Campos Toledo (Dr.Lula), Zeferino Bacchi, José Rodrigues de Almeida, Darwin A. Viegas Dentosas, João Dias de Aguiar e José de Toledo Noronha.
Os farmacêuticos: Pedro Alcântara Chagas, Antonio Oswaldo Ferraz, Morel Rodrigues dos Santos.

Centenas de voluntários piracicabanos, o primeiro batalhão, com cerca de 600 voluntários, que partiram no dia 16 de julho, o segundo batalhão, com mais 200 homens, indo no dia 24 de julho.
Octávio Teixeira Mendes, diante da limitação das armas paulistas, inventa a "catraca", que passará a ser conhecida como "matraca", que imitava tiros de metralhadora. com grande poder de fogo. O Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes guarda lembranças e os nomes dos heróis piracicabanos que fizeram parte da Revolução de 32.

Cartaz convocando os paulistas às armas

Embora derrotados, os paulistas conseguiram alcançar alguns objetivos. Entre eles, a Constituição que acabou sendo promulgada em julho de 1934, trazendo alguns avanços democráticos e sociais para o país.
Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.
A lei 2.430, de 20 de junho de 2011, inscreveu os nomes de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, o MMDC, heróis paulistas da Revolução Constitucionalista de 1932,
no Livro dos Heróis da Pátria.
No total, foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 - sendo os últimos dois dias depois da rendição paulista), numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates.
Durante a revolução, a aviação teve um importante papel no conflito, sendo usada pelos legalistas para eventuais bombardeios e ataques a posições rebeldes, como os dez bombardeios aéreos a Campinas, que causaram muitos danos à infraestrutura da cidade.

Prédio destruído por bombardeio aéreo legalista em Campinas, 1932.

São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a Constituição de 1934.

MONUMENTO DO SOLDADO CONSTITUCIONALISTA DE PIRACICABA
Na Praça José Bonifácio

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